Fotógrafa potiguar utiliza o nu artístico para redefinir os padrões de beleza

Disforme é, de acordo com alguns dicionários, o que não se adéqua a um padrão. É exatamente esse o palco do trabalho fotográfico de Luisa Medeiros: A beleza para além dos padrões. Estudante de comunicação social na UFRN, Luisa se encantou pela representação do corpo nu e passou a se dedicar ao projeto “O belo Disforme”, onde retrata a beleza existente em todos os corpos.

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Mídia Ninja RN – Qual o objetivo, a intencionalidade do seu projeto?

Luisa Medeiros – Sempre achei incrível o nu artístico, mas sempre me incomodou a predominância dos nus femininos e fetichizados… Queria construir uma fotografia conceitual, que exalasse a beleza de todos os corpos, sabe? De cada quilinho a mais ou a menos, que fugisse aos padrões de beleza europeus, que exaltasse a beleza do povo negro, que não impusesse normas de gênero… Eu queria muita coisa. (risos) Queria diversidade, sabe? Mostrar a beleza existente em cada ser. Então criei “O belo disforme” e, no que cabe a mim, tento socializar a beleza que tanto insistem em padronizar.

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Mídia Ninja RN: O que te levou à trabalhar esse tema da diversidade?

Luisa Medeiros – Ah, porque eu acho importante questionarmos nossa relação com a mídia. Por que a beleza se resume à uma só forma e cor? Por que as propagandas de cerveja sexualizam o corpo feminino? Por que as propagandas de margarina são protagonizadas por famílias brancas? Por que raios os transexuais só aparecem em noticiários de programas policiais? A mídia é para o povo, sabe? Foi à partir desses questionamentos e do meu envolvimento com o debate da Democratização da Comunicação que fui compreendendo, dentre tantas coisas, a ausência e distorção da imagem de determinados perfis sociais por parte da grande mídia brasileira.

Mídia Ninja RN – Qual foi o ensaio mais difícil de fotografar? Por quê? 

Luisa Medeiros – Nossa… Acho que todos são muito difíceis. Não se trata de objetos, são seres humanos. E eles estão nus… O que é um tabu. Principalmente se não forem corpos padrão. É preciso se envolver com quem estiver à sua frente. Se mostrar e abrir espaço para que o mesmo se mostre, com cuidado e paciência. Só assim você conseguirá fazer a pessoa se sentir incrível consigo mesma… Acho que levando isso em consideração, talvez o trabalho mais desafiador tenha sido fotografar pessoas transexuais. É tanta opressão que sofrem, tantos estereótipos envolvidos, que dificilmente você consegue fazer o nu artístico ser uma experiência boa para eles/elas. Para o meu prazer, minhas modelos perfeitinhas se sentiram muito bem consigo mesmas após o ensaio. E isso é impagável..

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Comunicadora popular, como se denomina, Luisa milita há dois anos no Levante Popular da Juventude e afirma que se sente mais “empoderada” fazendo esse trabalho: “Ser mulher e ser negra, diante dessa sociedade machista e racista, é um desafio e tanto. Se sentir bem comigo mesma foi uma baita superação, diria até libertação. Daí um dia pensei: ‘Ora, de que adianta toda essa libertação se ela é só minha? Eu quero é ver todo mundo se amando!’ E desde então me dedico à socializar a beleza.”

Para conhecer mais sobre os trabalhos de Luisa Medeiros, acesse o seu instagram ou sua fanpage no Facebook.

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